Quando corres
para mim...
Esqueço logo
os meus ardores
Ver te triste
Em céu nublado
Dói no coração
dissabores
Corre a passo
com a Seara
-Olha o sol
Nela a se pôr!
Se correres
Já compassado…
Vem o vento
Lado a lado
Vê-se o Tejo
Sem nublado
…Num vendaval
de amor
Cristina
Espelho do Tejo
Linda varina com graça
na minha terra todos os dias
vende na praça.
No pé leva a chinela,
que linda saia rodada
de canastra na cabeça
lá esconde o que vai dentro dela.
A garra da mulher da praça!
Vende com muita chalaça
vem ai um pregão,
a graça que vai sair.
- Olha que bonito peixe,
leva menina bonita
p`ra o teu marido comer!
E os varino com jeito
levam ela no seu leito,
no rio
que lhes dá de comer.
Este Tejo de varinos
que passa na minha terra
ternas correntes de amor
levam o vento
em águas frias, meladas,
muitas vezes aquecidas
outras vezes embaladas
em noites de alvorada.
Espelho-me nessas águas
numa aliança de amor.
No meu peito, eternamente
guardada,
no Tejo do meu amor.
Cristina Pinheiro Moita
O rouxinol da saudade
A Vila, já foi muito grande
Passou a pequena Cidade
Mas nos meus olhos que vêem
Ela é enorme de verdade
Quando ela, eu desabito
Vai comigo um rouxinol
Que fala dela com saudade
E assim que a Ponte avisto
Apodera-se do meu peito
Uma sensação de liberdade
Corrente de campos de trigo
No rio que canta a saudade
Na tradição eu me visto
Em Vila Franca eu me dispo
Na Xira que o amor guarde
Cristina Pinheiro Moita
Vila Franca Gaiata
És menina travessa, que passa
Um gentio, a beleza de um olhar,
és a graça!
És o fundo de um rio,
Guardando segredos festivos
A voz inquieta do amor
O fado e a chalaça
Tens trabalho e pujança…
No seio criado onde a ponte, avança
Centeio e trigo a crescer em esperança
A coragem e a força guerreira
Do homem pegando na praça
Trazes a forma nua
Da poesia
No olhar de quem, por lá passa
Paisagem mais bela
Que o monte repassa
O mouchão de um sonho
Em beijo de menina
...que te abraça!
Cristina Pinheiro Moita
Mulheres do Rio
Mulheres que lavam no rio com água e sabão, para ganhar o pão. Mulheres de coragem para distracção cantam uma canção. Mulheres de força com a mão no sabão, olham para o rio com o coração. No campo as papoulas onde está o cordão, roupa branca pura que cheira a lavado. Mulheres do rio que as viu partir de alguidar na mão. Ainda sente a saudade, de ser embalado na sua canção.
Cristina Pinheiro Moita
Cinzas
Guarda bem este poema
Se eu morrer não vale nada
O que vale são as penas
E as penas voam por nada
De tudo o que vale a pena
Foi o que encontrei demarcada
Quando eu morrer fecho os olhos
E a pena pára deitada
Não quero precipício de nada
Só o fogo e a alvorada
E a minha cinza espalhada
De barco
nas àguas...
Num jardim de rosas...
No rio Tejo
-Onde eu amei!
Sem pedir nada.
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